quinta-feira, 22 de março de 2012

Uruguai assume responsabilidade por assassinato da ditadura


MONTEVIDÉU, 21 Março 2012 - O Estado uruguaio assumiu na quarta-feira a responsabilidade pela morte de uma mulher que desapareceu em 1976, durante a última ditadura militar no país. A decisão foi tomada em resposta a uma sentença da Corte Interamericana de Direitos Humanos.

María Claudia García de Gelman desapareceu aos 19 anos em Buenos Aires, na companhia do marido, que era filho do poeta argentino Juan Gelman. Grávida de oito meses, ela foi transferida para um centro clandestino de detenção em Montevidéu, e seu corpo nunca foi achado.

A menina Macarena, nascida no cativeiro, foi entregue então a uma família adotiva vinculada aos militares que governaram o Uruguai entre 1973 e 85.

O atual presidente socialista do Uruguai, José Mujica, que participou da luta armada contra o regime militar e esteve preso por isso, disse reconhecer a responsabilidade do Estado pelo desaparecimento da jovem, mesmo após tantas década do fato.

Juan Gelman, ganhador do Prêmio Cervantes em 2007, disse que a decisão de Montevidéu foi "um ato comovedor, muito reparador, porque além do mais devemos assistir a uma espécie de paradoxo histórico, que o presidente da República, vítima da ditadura militar, tenha tido de reconhecer em nome do Estado (...) a responsabilidade dos seus verdugos. É preciso coragem moral para isso".

A neta do poeta só conheceu sua verdadeira identidade aos 23 anos, e em 2010 abriu um processo contra o Estado uruguaio por seu sequestro e pela desaparição da sua mãe.

A Corte Interamericana de Direitos Humanos decidiu-se a seu favor em fevereiro de 2011, e determinou ao Estado uruguaio que assumisse a responsabilidade pelo desaparecimento de María Claudia García, além de pagar a Macarena uma indenização equivalente a cerca de 50 mil dólares.

O desaparecimento de María Clara García ocorreu como parte da chamada Operação Condor, um esquema secreto de cooperação dos regimes militares sul-americanos da década de 1970 contra militantes de esquerda.

Cerca de 200 uruguaios desapareceram nessas operações, a maioria na Argentina. Juan e Macarena Gelman participaram da redação do discurso lido por Mujica no Parlamento, e estiveram presentes na sessão.

 A DITADURA URUGUAIA, ENTENDA



Lei de Anistia Militar é derrubada no Uruguai
Projeto de Lei determina julgamento a militares que praticaram crimes na ditadura







Após quase dez horas de discussão, o Senado uruguaio aprovou na madrugada do dia 27 um projeto de lei que permite o julgamento de crimes cometidos durante a última ditadura no país (1973 a 1985). A votação, que tornou imprescritíveis crimes cometidos por militares durante o período, foi regada a discussões entre o governo e a oposição.

As violações aos direitos humanos que aconteceram na época agora poderão ser julgadas, graças aos esforços da Frente Ampla, coalizão da esquerda uruguaia. A Frente Ampla já havia buscado várias vezes a aprovação do projeto de lei em questão, porém sem sucesso. No entanto, resolveram levar o projeto adiante após a Suprema Corte ter declarado, em maio, que os crimes cometidos durante a ditadura não eram de lesa humanidade, e sim delitos comuns.

A sentença da Suprema Corte defendia que os crimes seriam considerados prescritíveis após o dia 1° de novembro, e foi essa a razão pela qual a Frente Ampla enviou um novo projeto ao Parlamento.

A nova lei resultou em perda de força da Lei de Caducidade, que vigora desde 1986 e exime militares que praticaram delitos no período ditatorial de julgamento. De acordo com Marco Antônio Vargas Villalobos, professor da PUC-RS e especialista em ditadura militar uruguaia, os militares farão algum tipo de pressão a partir dessa decisão do Legislativo. “Não acredito em golpe, mas não duvido que o Presidente Mujica vete total ou parcialmente este projeto, abrindo assim uma grande crise na FA”. Marco acrescenta que, ao contrário do que acontece no Brasil, muitos militares e alguns civis que participaram das ditaduras no Uruguai foram punidos com prisão.

Segundo a Comissão para a Paz, a última ditadura uruguaia deixou 38 desaparecidos e cerca de 200 mortos, além dos milhares que foram torturados por militares e policiais no período.

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Documentos Históricos, o acervo pessoal de Luiz Carlos Prestes


 O acervo pessoal de Luiz Carlos Prestes, que será doado por sua viúva, Maria Prestes, ao Arquivo Nacional, traz entre  cartas trocadas com os filhos e a esposa, fotografias e documentos que mostram diferentes momentos da história política do Brasil. Entre eles, o “Relatório da IV Reunião Anual do Comitê de Solidariedade aos Revolucionários do Brasil”, datado de fevereiro de 1976.

 Neste período Prestes vivia exilado na União Soviética e, como o documento não revela quem são os membros deste Comitê, não se pode afirmar que o líder comunista tenha participado da elaboração do relatório. De qualquer forma, é curioso encontrá-lo entre seus papéis pessoais.

O documento é dividido em seis capítulos, entre eles estão “Mais desaparecidos”, “Novamente a farsa dos suicídios”, “O braço clandestino da repressão” e “Identificação dos torturadores”, que traz uma lista de 233 militares e policiais acusados de cometer tortura durante a ditadura militar. Esta lista foi elaborada em 1975, por 35 presos políticos que cumpriam pena no Presídio da Justiça Militar Federal.

 Na ocasião, o documento foi enviado ao presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Caio Mário da Silva Pereira, mas só foi noticiado pela primeira vez em junho de 1978, no semanário alternativo “Em Tempo”. Segundo o periódico, “na época em que foi escrito, o documento não teve grandes repercussões, apenas alguns jornais resumiram a descrição dos métodos de tortura”. O Major de Infantaria do Exército Carlos Alberto Brilhante Ustra é o primeiro da lista de torturadores, segundo o relatório. A Revista de História tentou ouvi-lo, mas segundo sua esposa, Joseita Ustra, ele foi orientado pelo advogado a não dar entrevista. “Tudo que ele tinha pra dizer está no livro dele”, diz ela, referindo-se à publicação “A verdade sufocada: a história que a esquerda não quer que o Brasil conheça” (Editora Ser, 2010).

A repercussão da lista em 1978

A Revista de Históriaconversou com um jornalista que integrava a equipe do “Em Tempo”.  Segundo a fonte – que prefere não ser identificada – a redação tinha um documento datilografado por presos políticos. Era uma “xerox” muito ruim do texto, reproduzido em uma página A4. Buscando obter mais informações sobre o documento, os jornalistas chegaram ao livro “Presos políticos brasileiros: acerca da repressão fascista no Brasil” (Edições Maria Da Fonte, 1976, Portugal). Depois desta lista, o “Em Tempo” publicou mais duas relações de militares acusados de cometerem tortura.

Na época, a tiragem do semanário era de 20 mil exemplares, rapidamente esgotada nas bancas, batendo o recorde do jornal. A publicação fechou o tempo para o jornal, que sofreu naquela semana dois atentados. A sucursal de Curitiba foi invadida e pichada. Na parede, os vândalos deixaram a marca em spray “Os 233”. O outro atentado aconteceu na sucursal de Belo Horizonte: colocaram ácido nas máquinas de escrever. Na capital mineira, a repercussão foi maior porque os militantes de esquerda saíram em protesto a favor do jornal. O próprio “Em Tempo” publicou esses dois casos, com fotos.

Os autores da lista

As assinaturas dos 35 que assumem a autoria também foram publicadas no “Em Tempo”. Hamilton Pereira da Silva é um deles.  O poeta – conhecido pelo pseudônimo Pedro Tierra e hoje Secretário de Cultura do Distrito Federal – fez questão de conversar com a Revista de História sobre o assunto, afirmando que a lista não foi fechada em conjunto. Os nomes e funções dos torturadores do documento teriam sido informados pelas vítimas da violência militar em momentos distintos de suas vidas durante o cárcere.

“Essas informações saíam dos presídios por meio de advogados ou familiares. A esquerda brasileira, neste período, não era unida, era formada por vários grupos isolados, que não tinham muito contato entre si por causa da repressão”, conta Tierra. “Quando a lista foi publicada no ‘Em Tempo’, eu já estava em liberdade. Sei que colaborei com dois nomes: o major, hoje reformado, Carlos Alberto Brilhante Ustra, e o capitão Sérgio dos Santos Lima – que torturava os presos enquanto ouvia música clássica”.

Hamilton lembra ainda que, após a publicação da lista no periódico, a direita reagiu violentamente realizando ataques a bomba em bancas de jornal e até uma bomba na OAB, além de ameaças à sede da Associação Brasileira de Imprensa (ABI).

Em 1985, já em tempos de abertura política, a equipe do projeto Brasil: Nunca mais divulgou uma lista de 444 nomes ou codinomes de acusados por presos políticos de serem torturadores. Organizado pela Arquidiocese de São Paulo, o trabalho se baseou em uma pesquisa feita em mais de 600 processos dos arquivos do Superior Tribunal Militar de 1964 a 1979. Os documentos estão digitalizados e disponíveis no site do Grupo Tortura Nunca Mais.

Entre os autores da lista de acusados de tortura feita em 1975, além de Hamilton Pereira da Silva, estão outros ex-presos políticos que também assumem cargos públicos, como José Genoino Neto, ex-presidente do PT e assessor do Ministério da Defesa, e Paulo Vanucchi, ex-ministro dos Direitos Humanos e criador da comissão da verdade. Os outros autores da lista são: Alberto Henrique Becker, Altino Souza Dantas Júnior, André Ota, Antonio André Camargo Guerra, Antonio Neto Barbosa, Antonio Pinheiro Salles, Artur Machado Scavone, Ariston Oliveira Lucena, Aton Fon Filho, Carlos Victor Alves Delamonica, Celso Antunes Horta, César Augusto Teles, Diógenes Sobrosa, Elio Cabral de Souza, Fabio Oascar Marenco dos Santos, Francisco Carlos de Andrade, Francisco Gomes da Silva, Gilberto Berloque, Gilney Amorim Viana,Gregório Mendonça, Jair Borin, Jesus Paredes Soto, José Carlos Giannini, Luiz Vergatti, Manoel Cyrillo de Oliveira Netto, Manoel Porfírio de Souza, Nei Jansen Ferreira Jr., Osvaldo Rocha, Ozeas Duarte de Oliveira, Paulo Radke, Pedro Rocha Filho, Reinaldo Moreno Filho e Roberto Ribeiro Martins.


sábado, 25 de fevereiro de 2012

O holocausto ucraniano e a história que os esquerdistas ocultam das escolas brasileiras


No dia 26 de novembro do ano passado completaram-se 79 anos de um dos maiores genocídios já praticado contra a humanidade num período entre guerras: Holodomor, morte pela fome. Uma verdadeira monstruosidade que foi cometida contra o povo da Ucrânia pelo regime socialista da ex-União Soviética, atual Rússia, entre os anos de 1932 e 1933. Na ocasião, aproximadamente 7 milhões de ucranianos (o número pode ser maior) foram mortos pela fome induzida ou fuzilados, para acelerar as mortes.

O mais terrível nessa monstruosidade orientada pelo ditador comunista Joseph Stalin, que em muito supera os crimes dos nazistas, é que sua prática ocorreu muito antes do início da 2ª Guerra Mundial e, portanto, muito antes dos horrores do nazismo. Segundo historiadores, os assassinatos em massa de judeus planejados e executados por Hitler não foram meras práticas isoladas ou vazia de ligações com as idéias perversas do nazismo: ele importou as insanidades de Stalin, atuando como mero copiador das idéias monstruosas dos comunistas soviéticos.

 Em 1939, Hitler e Stalin haviam firmado o pacto de cooperação (não-agressão e de consultações). Na verdade, muito antes da Segunda Guerra, sempre houvera significativa e fervorosa cordialidade entre a Rússia e a Alemanha. A diplomacia entre ambos os ditadores desses países só foi rompida apenas em 1942, quando a Alemanha resolveu invadir a Rússia. Tal desentendimento entre esses dois países movem-nos a uma mudança de perspectiva que, não sem razão, constrói em nossa mente uma infinidade de dúvidas sombrias, entre as quais a seguinte indagação: mas, e se Hitler não houvesse quebrado o pacto?

Esse genocídio cometido pelo regime comunista russo contra o povo da Ucrânia jamais deveria ser contemplado como um fato histórico isolado e aquém dos propósitos da ideologia socialista. A monstruosidade por que os ucranianos passaram fazia parte da engenharia social comunista proposta por Karl Max e Friedrich Engels. 

De acordo com o Dr. George Watson, professor de História da Literatura da Universidade de Cambridge, o extermínio de certos povos sempre fôra um elemento essencialmente defendido por Karl Marx. Para Watson, Marx pode ser descrito como um pioneiro em idealizar genocídios em massa. Segundo o professor, isso é confirmado nos próprios escritos de Marx e é reafirmado por Engels. Já para a Dra. Françoise Thom, professora de História Moderna da Sorbonne, o que movia a monstruosidade russa contra nações como a Ucrânia era o ideal do “novo homem”, conceito marxista fundamental e indissociável para o estabelecimento da chamada “nova ordem social”, a sociedade comunista. 

Tal ideal exigia a prática de genocídios contra certos povos rotulados como entraves à Revolução. Em suma, Hitler, na verdade, deveria ser descrito e teorizado, como o mais aplicado aluno de Marx na prática de exterminar “inimigos”.

Por estratégia empreendida pelos intelectuais esquerdistas brasileiros na prática da doutrinação esquerdista nas escolas, os genocídios praticados por governos totalitaristas de ideologia comunistas não constam nos livros de história dos estudantes brasileiros. Os livros que são distribuídos nas escolas públicas pelo MEC, e até mesmo vendidas pela iniciativa privada, insistem em negar as carnificinas empreendidas pelos comunistas. Por que? Por uma simples e óbvia razão: tais livros são forjados na maioria das universidades brasileiras, verdadeiros think tanks da ideologia comunista.

Lamentavelmente, até os dias atuais a Rússia, ao contrário da Alemanha, se nega a reconhecer as monstruosidades do regime socialista soviético praticadas contra a Ucrânia (e muitos outros povos), cuja veracidade a História já comprovou. Pelo contrário, movimentos políticos ligados ao Governo russo, sempre demonstraram arrogância diante de qualquer movimento pró-revisionista. Em 17 de maio de 2008, uma efígie representando Edvins Snore, diretor do filme A História Soviética, foi queimada na Rússia.

Nota: as informações citadas acima podem ser consultadas:
1) Filme The Soviet Story (A História Soviética), ano 2008, do diretor Edvins Snore.
2) O Livro Negro do Comunismo. Tradução de Caio Meira. Bertrand Brasil, 1999.